fala sertaneja
O Fala Sertaneja surgiu mais como uma declaração de amor e afeto do que propriamente como uma pesquisa. É a primeira incursão audiovisual do grupo de pesquisa ProjetAH – História das mulheres, gênero, imagens, sertões, que nasce do nosso assumido desejo pelo amadorismo, da articulação de saberes outros, periféricos, sertanejos, mal-ditos ou não narrados. No estilo “câmera aberta”, um ombro amigo e muito acolhimento, o webdoc Fala Sertaneja se torna um lugar de escuta, de histórias que quase nunca são contadas. O projeto, concluído, traz as vozes de mulheres sertanejas na universidade. Migrantes em busca de conhecimento, trabalho e sonhos próprios. Elas carregam consigo vivências e experiências flutuantes, na transição “daquilo que fui para o que sou”. Nas idas e vindas de asfalto e poeira, das sabenças e dos costumes, que se reinventam num espaço quase nômade entre o lá e o cá. Fala, sertaneja! Traz sua fala sertaneja e seu sotaque. Descoloniza o que é o saber e o ser. Conta, ensina, narra as histórias que se transformam em uma possibilidade didática para a história pública.
MULHERES DE CURA
A viagem começa, em busca de mulheres que carregam e transmitem saberes ancestrais. Elas são referências para suas comunidades no que se refere a epistemologias passadas através das gerações, de cuidados e prescrições, com remédios e alimentação adequada para uma melhor qualidade de vida. Elas são benzedeiras, trabalham com ervas, raízes, evocam forças espirituais e promovem a organização das suas casas, vilas e comunidades. Adentrando sertões brasileiros, mas também do exterior, a pesquisa realizada por Ana Maria Veiga vai ao encontro de processos contracoloniais, que devolvem a centralidade de epistemologias apagadas, sejam elas sertanejas, negras ou indígenas. Reafirmando a proposta central do grupo ProjetAH, as margens são o nosso centro. Os saberes dessas mulheres nos afetam e nos interessam.
SUBINDO E descendo
a ladeira do porto
Subindo e descendo a ladeira do Porto é um projeto audiovisual sobre um trabalho que teve a duração de 10 anos, vividos e construídos por afetos entre uma equipe de extensão universitária e a comunidade ribeirinha do Porto do Capim, que há muitas décadas habita a margem direita do Rio Sanhauá, na região central da cidade de João Pessoa – PB. Esse contato e as trocas que ele proporcionou surgiram da parceria entre a professora Regina Célia Gonçalves, da UFPB, a Fundação Casa de Cultura Companhia da Terra e logo depois a Associação de Mulheres do Porto do Capim. O projeto de extensão ganhou o nome de “Subindo a Ladeira – Educação patrimonial e Ensino de História através da Arte”. A equipe, ao longo dos anos, passou a integrar um espaço dentro da comunidade. Nas palavras de Regina, “essa relação íntima e permanente com a comunidade é nossa maior conquista”. Crianças cresceram, novas lideranças surgiram, transformando com elas os rumos do trabalho, motivando também o projeto “Rolezinho na UFPB”, que levou esses jovens para um “rolê” com atividades de formação dentro da universidade. Em versão atualizada, passou a se chamar “Rolezinho do Porto do Capim”, desenvolvendo ações como a produção audiovisual sobre a comunidade e um cineclube. Jovens do Rolezinho viraram multiplicadores e assumem tarefas, indo para as escolas e ensinando a montar um cineclube, recebendo visitantes na comunidade, através do projeto próprio que chamaram de “Vivenciando o Porto”. Esse aprendizado de mão dupla – daí o título do documentário etno-videográfico Subindo e descendo a ladeira do Porto – vem mostrar o quanto a troca de saberes é possível e como as hierarquias entre eles podem ser transformadas, por meio de relações de afeto, respeito e acolhimento.
Quer conhecer de perto o Porto do Capim? Entre em contato pelo whatsapp 83 98884-7660.